"O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão;
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão.
Medo... que dá medo do medo que dá"

É... Medo.
Ana Brandão
Hoje em dia o que eu tenho percebido é que as pessoas falam que amam tudo nessa vida. "Ah, eu amo meu carro, meu computador, meu perfume, meu bonequinho do McDonalds do Avatar, a água de coco que eu tô bebendo...". Beleza, se você ama, legal. Mas será que ama mesmo?

Aliás, como que a gente sabe se a gente ama de verdade? Tem aquele quadro resumo de sintomas? Pô, sintomas não né? Nem é doença. Mas de "coisas que você sente" quando você ama?

E não vem com aquele papo de que quando você ama você fica com calafrios, suando, palpitando... Amigo, você tá sentindo isso, você tá na melhor das hipóteses gripado. E não confunda paixão com amor.

Tá certo que eu não tenho lá tanto tempo de vida assim e tudo o mais, mas até eu sei que tem diferença. Nem sempre você se apaixona pelo que (ou quem, mais provável) você um dia vai amara e nem sempre você ama aquilo (ou quem, novamente) que você era apaixonado. E nem é por causa daquela história toda de Ocitocina e blá blá blá. Tá, na verdade é, mas eu não tô afim de falar do lado científico da parada, valeu?

Anyway, a pergunta chave aqui é como você sabe que você ama/está amando? Porque uma coisa que eu já vi acontecer é "Aaaah, eu amo TANTO você! Você é o amoooor da minha vida! Quero passar a vida inteeeira com você" - (insira motivo para o término do namoro) - "Eu te odeio nunca mais quero te ver na minha vida..." - (insira novo relacionamento) - "Nunca amei ninguém antes como amo você. Você é o verdadeiro amor da minha vida". Como que você sabe? Um relacionamento atrás, a outra pessoa era o amor da sua vida. E aí?

Uma amiga minha tava de "rolo" com um cara aí que não tava muito afim de compromisso, sacomé? E daí ela resolveu que não ia dar mais bola pra ele e não deu. Chegou um dia que esse cara tava indo embora do Brasil saca? daí mandou um e-mail pra ela dizendo que ela era a única pessoa que ele tinha amado de verdade e todas essas coisas. Daí eu me pergunto: é isso verdade ou é só uma artimanha pra fazer a pessoa se sentir culpada? Como que a gente sabe?

Na verdade, acho que a gente não sabe. Acho que não tem como saber. Sentimento é um negócio muito complicado.

Pra mim, amar é ficar no MSN até muito tarde fazendo besteira pra animar alguém que tá meio deprimido, ficar com muita raiva desse alguém - porque ele parou de te dar atenção enquanto você se esforçava pra fazer ele se sentir bem - e ir dormir e acordar de manhã e ver que ele postou fotos de quando você tava tentando animar ele no orkut (fotos bem ridículas, diga-se de passagem) e que você não fica puta, na verdade você esquece que tava com raiva e acha fofo. Isso é amar. I guess.

PS: Em tempo, meu boneco do avatar é realmente muito legal.
4 Responses
  1. Anônimo Says:

    Amor é igual religião, é algo que ninguém sabe o que que é, mas todo mundo te empurra isso garganta abaixo e vc tem que acreditar que ele existe mesmo tendo as suas dúvidas sobre a real existência.
    No fim alguém estuda e descobre que isso é o ponto fraco do humano, uau.
    Não tem nada a ver mais parece muito a explicação.
    Acho que agora entendo quando o povo fala: "Deus é amor"
    Bjo = *


  2. João Japa Says:

    Boneco bizonho >_>

    Mas sim... Pra mim era artimanha do cara. Já vi coisa parecida acontecer.

    E amor é viagem. É coisa de quem está amando =X hauehahe


  3. Caio Andrade Says:

    Sendo sincero (e, digo mais, fazendo isso em expressão de amor): o último parágrafo é o melhor. Chega a dispensar a leitura dos anteriores. É de longe o melhor parágrafo do texto pq nele você simplesmente relata uma experiência, e mesmo que você não se preocupe em explicá-la logicamente (como se perdeu fazendo nos parágrafos anteriores), o faz com tanta sinceridade que acaba indo muito mais diretamente ao ponto.

    Normalmente não sabemos mesmo explicar os fenômenos que presenciamos, mas sabemos, intuitivamente, o que eles são. Prova disso é que não se confunde da noite para o dia amor por repulsa, para na manhã seguinte sair abraçando ratos, beijando baratas, para depois chutar a vovó e dar uma vassourada no(a) namorado(a). Bom... ao menos, normalmente não.

    O descompasso entre sentir a presença de um fato e ter a capacidade de explicá-lo é natural, e chega a ser dolorosa a tentativa de vencê-lo. É a essa atividade de transição que se dedicam os poetas, e é também por isso que a poesia é importante para quem tem essa maniazinha inconveniente de tentar entender as coisas.

    Explicar o amor não é possível sem a poesia (no fundo, não se explica nada mesmo sem ela), e até o mais afetado dos poeticamente cínicos usa a linguagem poética para negar a existência desse sentimento. Que ele o faça sem sequer perceber que o fez: assunto de tragédia.

    Minha modesta opinião sobre o amor:

    A maioria das pessoas confunde amor com desejo. Quando se deseja algo você quer a posse do objeto desejado, mas para extrair-lhe a essência do que originou aquele desejo. E, no entanto desejo é um dos sentimentos presentes no amor, mas um desejo maneirado por outros sentimentos mais profundos. Você deseja a pessoa amada, mas ao mesmo tempo a admira tanto que se impõe uma certa distância contemplativa.

    Enfim, eu não saberia explicar completamente o que é amor. O que sei com certeza é que ele não é UM sentimento, mas um conjunto deles. Diria que há admiração como elemento fundante, e dever como chave de abóbada, mas das milhões de nuances que se encontram entre os dois eu prefiro me eximir de falar. Sinto mais profundamente o amor como algo que me impõe um dever para com a pessoa amada, de modo que não amo de fato se não me esforço em potencializar minhas virtudes e, ao mesmo tempo, caçar a rifle meus defeitos, seguindo o rastro de uma forma, eternamente mil passos à frente, de perfeita oferenda com a qual possa me doar a quem amo.

    Abraço,
    Donana

    PS.: Fiquei imaginando um texto seu que começasse a partir do último parágrafo do atual.


  4. Someone Says:

    sou meio parecida com Camões em definições para o amor. Mas amor mesmo é aquilo que quando a gente poe a mao no peeito e aperta pra doer aquele pontinho horrivel, a gente pensa nas dores que sentiriamos ao perder quem realmente amamos. Perdi alguém que eu amava muito. Eu sabia que o amava e perdê-lo foi a pior das experiências que já vivi, com certeza. Beijocas, filhota


Agorafobia (do grego ágora - assembléia; assembléia do povo; lugar em que a assembléia se reúne; praça pública + phobos - medo) é originalmente o medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão. Em realidade, o agorafóbico teme a multidão pelo medo de que não possa sair do meio dela caso se sinta mal e não pelo medo da multidão em si.